Hospitais são complexos ambientes multifuncionais, onde a intersecção de fatores cria uma propensão preocupante a incêndios. A presença maciça de equipamentos elétricos e eletrônicos, gases e produtos químicos inflamáveis, sistemas de ventilação complexos e estoques de materiais suscetíveis a ignição forma um ambiente propício a faíscas e superaquecimento, podendo resultar em incêndio. A alta demanda energética, as áreas de cozinha e as atividades de manutenção ainda intensificam os riscos. Com atividades diversificadas e circulação contínua de pessoas, a atenção à prevenção de incêndios é uma necessidade crítica.
De acordo com a Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), 2022 testemunhou 45 incêndios de origem elétrica em Instituições de Saúde, levando a 20 vítimas fatais. Essa alarmante estatística demonstra que incêndios hospitalares no Brasil não são raros. Em 2021, foram registrados 29 incidentes com 4 mortes. Em 2019 e 2020, 13 e 17 ocorrências foram relatadas, respectivamente, sem fatalidades. Essa ampliação de incidentes demanda a intensificação das boas práticas preventivas e treinamentos de combate ao fogo, evitando o aumento desse triste número de vítimas.
Nesse cenário, a Engenharia Clínica desempenha um papel crucial. Através de inspeções preventivas, a equipe identifica falhas em estágio inicial nos equipamentos e sistemas, prevenindo superaquecimentos e curto-circuitos que podem desencadear incêndios. Além disso, rondas regulares são realizadas para avaliar o funcionamento das tecnologias. O olhar treinado do Engenheiro Clínico precisa identificar sobrecargas e uso inadequado de extensões, mitigando riscos de faíscas e incêndios.
É papel do Engenheiro Clínico apresentar o dimensionamento de cargas elétricas, térmicas e de infraestrutura, para a incorporação de novas tecnologias, bem como apoiar a avaliação da viabilidade técnica das eventuais ampliações de leitos, evitando situações de sobrecarga e risco. No entanto, sabemos que não é raro que as instituições sofram ampliações ao longo dos anos sem que seja feito o devido investimento na estrutura necessária.
Os recentes eventos, como o princípio de incêndio na torre de troca de calor de um Hospital em São Paulo, reforçam que esse é um risco real e destacam a necessidade urgente de uma abordagem multidisciplinar para a prevenção de incêndios em hospitais. O compromisso com a segurança contra incêndios não é apenas uma obrigação, mas um dever para todos os envolvidos no ambiente hospitalar. Juntos, podemos construir um cenário mais seguro para pacientes, profissionais de saúde e visitantes.
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