No complexo cenário da saúde no Brasil, a eficiência financeira é tão crucial quanto a qualidade do atendimento ao paciente. Na Engenharia Clínica, um dos aspectos-chave para alcançar essa eficiência é a gestão eficaz do OPEX (Operational Expenditure) - os gastos operacionais que sustentam o dia a dia dos hospitais. Nesse contexto, decidi escrever este artigo, destacando a importância do dimensionamento e acompanhamento do OPEX na Engenharia Clínica. Afinal, mesmo no final do mês de janeiro, ainda estamos a tempo de ajustar nossas estratégias para garantir economias significativas e melhorar a eficiência operacional ao longo de 2024.
Entendendo o OPEX na Engenharia Clínica
O OPEX na Engenharia Clínica engloba todos os custos relacionados à manutenção, reparo, e operação dos Equipamentos Médico-Hospitalares (EMH). Estes custos podem representar uma parcela substancial do orçamento de um hospital podendo alcançar mais de 10% dos custos de aquisição anualmente.
Desafios e Estratégias de Otimização
Análise de Custos Detalhada: É essencial que os engenheiros clínicos e/ou gestores hospitalares realizem uma análise minuciosa dos custos. Isso inclui equipes, manutenções, contratos, peças e insumos. Saber onde o histórico dos custos está alocado permite a identificação de áreas onde os custos podem ser reduzidos sem comprometer a qualidade ou a segurança e onde os recursos de busca por soluções alternativas devem ser direcionados. Conseguir realizar um benchmark dos custos identificados com instituições de porte semelhante também tem grande valia na identificação de possíveis ineficiências.
Contratos de Manutenção Estratégicos: A seleção de modalidades contratuais, como Locação, Comodato, Mão de Obra, Total Service ou Outsourcing (ou ainda nenhum contrato), requer uma avaliação cuidadosa da eficiência operacional em relação à previsibilidade dos custos. Por exemplo, o modelo Total Service pode oferecer maior previsibilidade financeira, enquanto a adoção de contratos de locação pode otimizar outros custos diretos associados à Engenharia Clínica. Essencialmente, a decisão deve ser embasada em uma análise minuciosa da viabilidade e eficácia de cada opção, considerando as peculiaridades e necessidades específicas de cada instituição hospitalar. Além disso, é fundamental levar em conta as condições e ofertas disponíveis dos fornecedores na região do hospital. Dessa forma, a escolha do modelo de contrato mais apropriado será alinhada com as demandas e realidades específicas de cada local.
Foco na Prevenção: A implementação de um plano de manutenção preventiva eficaz é fundamental para a redução de custos a longo prazo, minimizando a necessidade de reparos onerosos e estendendo a vida útil dos equipamentos médico-hospitalares. Uma compreensão das tecnologias mais vulneráveis ao desgaste natural e que podem se beneficiar significativamente de manutenções mais frequentes é essencial para a otimização dos recursos (humanos e financeiros). Adicionalmente, os planos de manutenção preventiva abrem caminho para a negociação de termos mais favoráveis no fornecimento de peças e insumos. Isso ocorre porque as compras podem ser realizadas de forma agrupada e programada, permitindo uma negociação mais efetiva e vantajosa. Essa abordagem estratégica não apenas melhora a eficiência operacional, mas também assegura uma gestão de recursos mais eficaz e sustentável na Engenharia Clínica.
Dimensionamento, Treinamento e Capacitação: Dimensionamento, Treinamento e Capacitação: A qualificação adequada das equipes assistenciais é vital para a operação e manutenção eficiente dos equipamentos médicos, contribuindo para a redução da necessidade de reparos dispendiosos e urgentes. Por outro lado, as equipes de Engenharia Clínica, sejam internas, mistas ou terceirizadas, também requerem treinamento contínuo para aprimorar suas habilidades e aumentar a capacidade de resolução interna de problemas. Um aspecto importante a ser considerado no OPEX é a possibilidade de reforçar temporariamente a equipe durante períodos de maior demanda pelo plano de manutenções programadas. Isso ajuda a evitar a sobrecarga de trabalho e a consequente necessidade de enviar uma maior quantidade de equipamentos para manutenção externa. Neste contexto, é importante reconhecer o custo oculto do OPEX associado à indisponibilidade dos equipamentos, um fator frequentemente subestimado, mas que tem um impacto significativo na continuidade e qualidade dos serviços prestados pelo hospital.
A gestão eficaz do OPEX na Engenharia Clínica é vital não apenas para a economia de recursos, mas também para o aprimoramento das operações hospitalares. Manter os equipamentos em excelente estado não só garante maior confiabilidade e segurança, mas também se reflete diretamente na qualidade do atendimento ao paciente. Além disso, a alocação eficiente de recursos viabiliza maiores investimentos em melhorias e inovações, fundamentais para o progresso dos serviços de saúde. Neste cenário, a Engenharia Clínica emerge como um elemento chave, não apenas por sua capacidade de gerar economias significativas, mas também por seu papel crucial na sustentabilidade e no sucesso dos hospitais em um mundo cada vez mais focado na eficiência financeira e na excelência operacional.
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